As células mesenquimais (ou células estromais mesenquimais – MSCs) são um dos tipos celulares mais promissores e utilizados para o desenvolvimento de terapias celulares, especialmente quando se trata de lesões teciduais.
Essas células possuem capacidade de diferenciação bastante documentada em testes in vitro, o que poderia as caracterizar como células-tronco. No entanto, ainda existe forte debate científico se as MSCs são ou não células-tronco.
Neste post, traremos informações relevantes sobre esse tipo celular e sua importância no reparo e regeneração tecidual.
O que são as células mesenquimais?
O primeiro registro científico das MSCs foi feito ainda nos anos 60, onde pesquisadores as descreveram como células hematopoiéticas de suporte na medula.
Neste trabalho, os cientistas tinham como objetivo investigar a hematopoiese, processo pelo qual são formadas as células do sangue. Eles descobriram a existência de células multipotentes que ajudavam a criar e sustentar um ambiente celular propício para que as células do sangue fossem diferenciadas em células maduras.
Pesquisas posteriores evidenciaram que as MSCs poderiam ser precursoras de outros tipos celulares, como células ósseas, da cartilagem, tendão, ligamento, células de gordura (adipócitos), além de células da pele, músculo e tecido conjuntivo.
No entanto, o termo “célula-tronco mesenquimal” começou a ser reconhecido como incorreto recentemente. Novas evidências científicas sugerem que as MSCs não funcionam no corpo apenas como progenitoras de tecidos, tanto em situações fisiológicas quanto em quadros de doença ou lesão tecidual.
Na verdade, este tipo celular apresenta diferentes funções em nosso organismo dependendo da sua localização. Diversos tecidos do corpo apresentam MSCs, cujas funções estão relacionadas à manutenção do estoque de células-tronco adultas, secreção de fatores que auxiliam no reparo tecidual, entre outros.
A regeneração tecidual depende de células-tronco adultas
As células-tronco adultas são elementos-chave para a manutenção da homeostase corporal e regeneração de tecidos. Em outras palavras, essas células são essenciais para realizar a renovação de células específicas que chegam ao fim da vida e para restaurar a integridade de tecidos lesados, por exemplo.
Mas para que essas células tornem-se funcionalmente ativas e organizadas, elas precisam de um ambiente que forneça “instruções” para propiciar sua diferenciação e atuação no reparo do tecido. Esse conjunto de células-tronco adultas com o seu microambiente regulatório específico, é o que define a unidade funcional da regeneração tecidual. Ou seja, o ambiente possui a capacidade de determinar o comportamento da célula-tronco, deixando-a especializada.
As MSCs atuam ativamente no reparo tecidual
Essa talvez seja uma das funções mais promissoras das MSCs e por isso tem chamado tanta atenção na área da medicina regenerativa. Em situações de dano, são as MSCs uma das responsáveis por propiciar o ambiente ideal para a diferenciação das células-tronco adultas, além da preservação dos seus estoques após uma lesão tecidual.
Ao mesmo tempo em que as MSCs são resistentes aos sinais de dano no tecido, elas também são capazes de responder e serem ativadas por esse mesmo estímulo. Quando ativadas, elas são capazes de produzir diversos fatores que ajudam no processo de reparo e cicatrização, além de possuir fortes efeitos imunomoduladores.
As MSCs produzem citocinas e fatores de crescimento que ajudam, por exemplo, na formação e reparo de vasos sanguíneos. Elas atuam por meio de mecanismos parácrinos, produzindo e liberando diversos fatores que agem sobre as células vizinhas, além de liberar substâncias que recrutam células de defesa, como os macrófagos. Os macrófagos também são essenciais no processo de reparo e atuam, por influência das MSCs, diminuindo a inflamação no local.
Em resumo, as MSCs representam uma esperança muito promissora para a área de regeneração tecidual. São verdadeiras “farmácias inteligentes” que fornecem um ambiente extremamente propício para que o processo de reparo ocorra. Além disso, as MSCs podem ser incorporadas a diferentes biomateriais de suporte, constituindo uma importante ferramenta na geração de novas tecnologias que permitam um reparo tecidual mais eficiente, como os biocurativos.
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Referências:
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